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Entradas, bandeiras e COP 25 (por Roberto Caminha Filho)

As Entradas e Bandeiras foram expedições levadas ao interior do Brasil para que explorássemos o nosso querido Brasil. É claro que as fogueiras que os bandeirantes faziam, não conseguiam acabar com árvores e fazer, para os nativos, um campo de futebol.

As Entradas eram as expedições coordenadas pelo governo, e as Bandeiras, organizadas por paulistas, com os fins mais elogiados que se possa imaginar: tirar minérios, pedras preciosas, matar e escravizar índios. Bartolomeu Bueno da Silva, Domingos Jorge Velho, Raposo Tavares são alguns bandeirantes que saíram de São Paulo e Santos para sacudir o Centro-Oeste do Brasil, fazendo tudo que a sociedade de hoje condena. Esses homens foram os nossos heróis nas aulas de história do curso primário. Os novos poetas versam dessa forma: 

“Nossos heróis morreram de overdose”

O Brasil e o mundo descobriram, na Amazônia, que ela interessa a todos.

Que bonitinho!

Teve presidente achando que o fogo que poderia destruir Notre Dame de Paris, saiu das florestas do Pará.

Ora! Não me venham com chorumelas!

As Entradas, para a exploração do Centro-Oeste e do Norte, foram esquecidas pelo governo central, talvez por haver deslocado a sua sede para uma cidade chamada Brasília.

Ninguém mais espera que o Governo, um paquiderme coordenador do seu próprio corpo, chegue até o mais longínquo pedaço de mata sob o seu domínio constitucional. Na mata, poucos sabem ler e escrever. As novas Bandeiras passam por cima de tudo e vão atrás das riquezas que ainda existem no solo, na água e no ar. Lembraram, agora, que existem rios voadores e que eles distribuem a umidade tão requerida pelas florestas e pelas plantações. Descobrirão, também, que há um aquífero, por baixo dos grandes rios, que são maiores que os gigantes.

A Amazônia é tão linda! Descobriram, isso, juntamente com cubanos, venezuelanos, peruanos, bolivianos, haitianos, africanos, guianenses, paulistas, catarinenses, nordestinos, gaúchos, paranaenses e uma grande quantidade de europeus. Todos prontos para guardar a Amazônia Brasileira. Só a brasileira. Estamos sendo invadidos a cada dia e os “Governos Libertadores” desse mesmo pedaço, só discursam.

Até agora, ainda não falaram do ser que por aqui habita essa terra cheia bichos e árvores. 

Esses éguas e jumentos ainda não falaram do homem, o ser que toma conta desse deserto verde, há séculos, para vir um Macron, ditar as suas genialidades políticas e fazer valer.

Agora, chega a COP 25, que se não falarem do Homem, Amazônida ou coisa parecida, só servirá para dizimar a população de patos, afogados em tucupi, no belíssimo Estado do Pará. Os homens da Amazônia são, para todos os caras-pálidas, apenas mais uns peles-vermelhas. A única entidade que protege o amazônida, ainda é o Curupira, o protetor das florestas e dos bichos, que, se não virou churrasco, deve estar escondido no Pico da Neblina…chorando.

Ninguém ouviu falar em malária, leishmaniose, tuberculose ou piolho na cabeça dos índios. A FUNAI, esse organismo maior que a floresta, continua calada, talvez porque faça um bem danado, manter-se muda.

Senhores! Àqueles que estudaram, saibam, antes de mais nada, que essa parte da Amazônia, tão decantada, há décadas, continua a ser um “Depósito de Pobres” desse mundão de Meu Deus, gentilmente postos por brasileiros, andinos, palestinos, haitianos, africanos e bondosos padres europeus.

As verbas que por aqui chegam, são dadas com a frágil mão direita e retiradas com uma bombada esquerda. O planejamento executado, que existe, não atende às demandas da população, que crescem em proporções geométricas – e os recursos da crise – em débil proporção aritmética.

Léo Buscaglia disse: “Primeiro as pessoas, depois as coisas”.

 

Roberto Caminha Filho, economista, índio, teme pelo Curupira.

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