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Eleição à vista: a de prefeito. Eleição oculta: a do senhor da direita

Na eleição municipal deste ano, e não só em São Paulo, há uma disputa dentro da outra. A que está mais à mostra é a disputa pelas prefeituras das capitais e das cidades mais populosas do país, onde o orçamento é maior. O da capital paulista, por exemplo, só perde para o orçamento do Brasil e do estado de São Paulo.

Os prefeitos paulistanos costumam chegar no ano das eleições com o caixa entupido de dinheiro para ser gasto em obras. Essa é uma das razões que explicam o favoritismo de Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição com o apoio de 12 partidos. Daí porque que seu tempo de propaganda eleitoral é o maior da história.

A disputa oculta ou semi-encoberta é pela liderança da direita nas eleições de 2026. Inelegível até 2030, Bolsonaro sairá forte das eleições municipais para continuar sendo o tutor da direita daqui a dois anos? Se não, quem o sucederá? O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)? Pablo Marçal, caso se eleja?

O destino de Tarcísio está atrelado ao destino de Lula e do seu governo. Se Lula e seu governo estiverem bem avaliados, e se Lula ambicionar o quarto mandato, Tarcísio não se arriscará a trocar o certo (a reeleição para o governo) pelo duvidoso (a eleição para presidente). Então, dará passagem a outros nomes da direita.

O eventual mal desempenho dos candidatos de esquerda nas eleições deste ano não impactará as chances de Lula se reeleger. O PT e seus associados podem não se sair tão bem, e Lula ainda assim concorrer à presidência. Basta que Guilherme Boulos (PSOL) se eleja em São Paulo para que Lula se proclame vencedor.

Fernando Henrique (PSDB) era presidente da República quando Celso Pitta, o de triste memória, apoiado pelo ex-governador Paulo Maluf (PP), se elegeu prefeito de São Paulo em 1996. Isso não impediu Fernando Henrique de se reeleger em 1998. E nas duas vezes derrotou Lula no primeiro turno sem precisar do segundo.

Lula era presidente da República quando José Serra (PSDB) se elegeu prefeito de São Paulo em 2004. Isso não impediu Lula de, dois anos depois, eleger-se presidente pela segunda vez. Mais uma curiosidade: da redemocratização do país para cá, nenhum prefeito de São Paulo conseguiu se reeleger. Preste atenção, Nunes!

Uma coisa, portanto, são as eleições municipais, a outra, as presidenciais. O distinto público parece saber distinguir entre elas. Para a escolha de prefeito, o eleitor está à procura do melhor gestor, não importa que seja de direita, centro ou esquerda; não importa se o eleitor há dois anos votou em Lula ou em Bolsonaro.

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