O Brasil viveu a pior epidemia de dengue de sua história em 2024, com mais de 6,5 milhões de casos prováveis da doença e 5.832 mil mortes. A aproximação do verão volta a preocupar os médicos devido à combinação de chuvas com aumento das temperaturas.
Medidas de prevenção — como evitar o acúmulo de água parada e a vacinação — são essenciais para evitar que o cenário se repita em 2025. Um novo estudo publicado nesta quinta-feira (21/11) mostra que 88% dos brasileiros confiam na vacinação contra a dengue, mas as fake news ainda impactam a imunização efetiva.
A pesquisa Dengue: o impacto da desinformação e formas de prevenção no Brasil buscou entender as percepções dos brasileiros sobre a doença, imunização contra a infecção e vacinação em geral. Ela foi feita a partir de entrevistas online com 2 mil pessoas de todas as regiões do país, com perfis diversos. O estudo encomendado pela biofarmacêutica Takeda foi conduzido pelo instituto Ipsos, com a colaboração da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Quase metade dos entrevistados (43%) tinha filhos com idades entre 4 e 17 anos. Embora cautelosos, eles demonstraram atitudes mais positivas em relação à vacinação em geral, procurando informações e prestando atenção às campanhas. Mas esse também é o grupo que está mais exposto a fake news, principalmente em redes sociais e canais como WhatsApp. Julga-se que os pais são considerado mais vulneráveis, uma vez que temem pela saúde dos filhos.
91% dos brasileiros sabem que a dengue é uma doença grave;
88% acreditam que as vacinas são eficazes para a prevenção da dengue;
85% conhecem alguém que teve a doença;
39% tiveram dengue;
23% conhecem alguém que morreu por dengue.
“A pesquisa demonstra que, apesar do aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news. Pelo menos 41% dos entrevistados relataram o recebimento de informações falsas sobre vacinas em geral pelas redes sociais. Esse dado ressalta a importância de um acesso qualificado à informação”, afirma a pesquisadora Juliana Siegmann, do Ipsos.
Apesar do alto índice de confiança nas vacinas, o estudo revelou que as fake news afetam diretamente as decisões sobre a vacinação em geral. Quatro em cada dez entrevistados disseram já terem recebido informações falsas sobre vacinas nas redes sociais.
Cerca de 30% das pessoas já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outras não se vacinassem por terem dúvidas sobre a segurança e a eficácia dos imunizantes. Pelo menos 10% desistiram de se vacinar após receberem informações online ou de amigos e parentes, e 17% não mudaram de opinião, mas ficaram em dúvida por causa das informações recebidas.
“A hesitação vacinal é um fenômeno novo, que surgiu em um contexto que tem vários lados: político, social, econômico. Os céticos ainda são uma parcela menor, mas que faz muito barulho”, pontua o médico Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Por outro lado, 91% disseram prestar atenção nas campanhas de vacinação; 90% acreditam que as vacinas em geral trazem benefícios e 95% verificam a veracidade das informações que recebem sobre vacinas.
O levantamento mostrou que apenas 10% dos brasileiros são descrentes em relação às vacinas em geral, sendo mais propensos a acreditar em fake news. Mais da metade desse grupo é composto por pessoas acima de 55 anos, com leve predominância masculina e maior presença nas classes C, D e E.
Essas pessoas são menos propensas a buscar informações sobre vacinas em geral. Além disso, 19% ouviram que a vacina contra a dengue foi desenvolvida muito rapidamente, embora estudos mostrem a segurança e eficácia do imunizante; 47% não acreditam ou têm dúvidas sobre a efetividade da vacinação contra a dengue; e 56% têm medo em relação às vacinas.
“Nós tivemos mais de 5 mil mortes em todo território nacional em 2024. Ter mais medo dos efeitos colaterais do que da doença é um contrasenso. A vacina é uma das formas mais importantes de prevenção”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo.
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