Texto estabelece ‘gatilhos’ com resultado negativo nas contas e permite congelamento de emendas e dinheiro de fundos para pagar dívida pública. Projeto, que segue para o Senado, é o 1º aprovado do pacote enviado pelo Ministério da Fazenda. Deputados aprovam parte do pacote de gastos do governo
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (17) uma proposta que proíbe a ampliação de benefícios fiscais em caso de resultado negativo nas contas públicas. Foram 318 votos a favor e 149 contra.
Veja como votou cada deputado
Esse projeto é o primeiro do pacote de corte de gastos enviado pelo governo ao Congresso na tentativa de conter as despesas públicas.
Com a íntegra das medidas — divididas em quatro propostas legislativas —, o Planalto projeta economizar R$ 375 bilhões até 2030.
Os deputados ainda precisam votar os chamados destaques — sugestões pontuais de mudança. Após o término da análise, que deve ocorrer só nesta quarta (18) o projeto seguirá para votação no Senado.
Além disso, a proposta, que seguirá ao Senado, também:
limita aumento de gastos com pessoal;
autoriza bloqueio e contigenciamento de emendas parlamentares; e
permite que o governo use saldos de fundos nacionais para abater a dívida pública.
Na última versão de seu parecer, o relator, deputado Átila Lira (PP-PI), retirou trecho que derrubava a volta do seguro obrigatório de veículos terrestres, o DPVAT. A medida chegou a ser incluída, ao longo da noite desta terça, em duas versões anteriores do relatório.
Donos de carros voltarão a pagar DPVAT a partir do ano que vem
A oposição afirma que o recuo quebra acordo, firmado mais cedo com lideranças do Planalto. O grupo tentará recolocar o trecho por meio de destaque.
O texto original, que não trazia a revogação do DPVAT, estabelece regras para as contas públicas a partir de 2025.
Pela proposta, em caso de déficit primário, ficará proibida a concessão, ampliação ou prorrogação de incentivos ou benefícios tributários.
🔎O déficit primário ocorre quando receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo (não são considerados os gastos com o pagamento de juros da dívida pública).
O resultado negativo nas contas também vai acionar um “gatilho” que limita o aumento de gastos do governo com pessoal (salários e encargos sociais, por exemplo, de servidores ativos, inativos e pensionistas).
Segundo a proposta, até 2030, essa categoria de gastos não poderá ter crescimento superior ao piso de reajuste das despesas permitido pelo arcabouço fiscal — 0,6% ao ano acima da inflação. A regra não valerá para aumentos decididos por ordem judicial.
Além do déficit primário, os “gatilhos” também poderão ser acionados quando houver crescimento das despesas obrigatórias do governo e diminuição do o montante destinado às despesas discricionárias — aquelas que não são obrigatórias, como recursos para custeio e investimentos.
Os limites a benefícios fiscais e despesas de pessoal somente poderão ser desrespeitados em caso de calamidade pública.
Saldo de fundos
Entre 2025 e 2030, o projeto prevê, ainda, que o governo poderá abater a dívida pública com os saldos positivos — o chamado superávit — de cinco fundos nacionais.
O Tesouro Nacional indica que, em 2023, o superávit desses fundos foi de R$ 45 bilhões.
Na lista, estão fundos utilizados para aparelhar as Forças Armadas, e o Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), abastecido com recursos de decisões judiciais. Veja a lista completa a seguir:
Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD)
Fundo Nacional Antidrogas (Funad)
Fundo da Marinha Mercante (FMM)
Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC)
Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset)
Fundo do Exército
Fundo Aeronáutico
Fundo Naval
Emendas parlamentares
A proposta também amplia o poder do governo para congelar o pagamento de emendas parlamentares, quando houver resultado negativo na economia. O ponto foi alvo de divergência entre deputados, mas prevaleceu a regra proposta pelo Planalto.
Pelo texto, o Executivo poderá bloquear ou contingenciar essa categoria de recursos, seguindo a proporção de congelamento de outras despesas discricionárias.
🔎 Bloqueio orçamentário ocorre quando as despesas ultrapassam o limite de gastos do arcabouço fiscal – é considerado mais difícil de ser revertido; já o contingenciamento, quando as receitas estão abaixo do esperado.
As emendas poderão, ainda de acordo com o projeto, ser congeladas em até 15% do valor total previsto para emendas no Orçamento.
Esses recursos representam uma parte — cada vez mais significativa — do Orçamento da União. São recursos que deputados e senadores destinam a seus redutos eleitorais para a realização de obras e projetos. Em 2024, o montante reservado é de cerca de R$ 52 bilhões.
Insatisfação
O PSOL obstruiu a votação e se colocou contrário à aprovação da proposta. Na avaliação dos parlamentares, o reajuste proposto pelo governo recai sobre a população mais pobre e dos servidores públicos.
“Caso haja déficit, vai ter um bloqueio completo em contratações, reajuste de salários e benefícios. Mais uma vez as servidoras e os servidores pagando sob uma lógica de austeridade que não faz sentido”, afirmou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
“Justamente para ajudar o governo a reduzir a desigualdade e cumprir o programa eleito em 2022, nós nos colocamos contra esse projeto. Controle de despesa pública, segundo a lógica desse projeto e desse ajuste, vai em cima dos mais pobres, da classe trabalhadora e dos servidores públicos federais”, disse o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ)
Deputados da oposição, que votariam favoravelmente ao texto, também criticaram o projeto depois que o relator recuou da revogação do DPVAT.
“Agora, para nossa surpresa, subiu a última versão do texto sem revogação do DPVAT. Estamos aqui conversando, porque queremos votar a favor, porque queremos a revogação. Caso contrário, não podemos ser favoráveis ao texto”, afirmou a líder da minoria, Bia Kicis.
Restaurantes, empórios e até padarias têm opções para encomendas. G1 separou lista de dicas com…
Assista aos vídeos do g1e TV Bahia desta quarta. Assista aos vídeos do g1e TV…
Segundo a empresa, um trem da empresa MRS Logística descarrilou por volta das 2h10 da…
Agressor afastava animal com uma cadeira quando vítima pediu para que ele parasse. Homem ainda…
Segundo as investigações, grupo causou prejuízo de R$ 4 milhões. Operação Loki cumpre 8 mandados…
Homem já gastou mais de R$ 20 mil para se defender. Ele descobriu quando os…