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Adélia Prado: reclusa em casa, mas ativa nas redes sociais, premiada poetisa mineira faz 89 anos

A escritora vive de forma discreta em Divinópolis, sua cidade natal, rodeada por livros, amigos e familiares. Reportagens da TV Integração mostram sua trajetória literária, suas inspirações e a profunda conexão com a poesia e a cultura mineira. Adélia Prado na FLIP em 13 de agosto de 2006
WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Nesta sexta-feira (13), a poetisa mineira Adélia Prado completa 89 anos. Reconhecida nacionalmente e internacionalmente, em 2024 ela foi agraciada com o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis, consolidando sua importância no universo literário. A escritora vive de forma discreta em Divinópolis, no Centro-Oeste de MG, sua cidade natal, rodeada por livros, amigos e familiares.
Embora mais reclusa, a escritora tem se conectado com um público cada vez maior por meio das redes sociais. Desde outubro de 2023, Adélia passou a compartilhar seus poemas na internet, conquistando um grande número de admiradores, com mais de 100 mil seguidores em apenas uma rede.
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A “mulher do povo, mãe de filhos, Adélia” é também contista, poetisa, professora e filósofa. “A poesia é um rastro de Deus na brutalidade das coisas”. É assim que reflete a essência que consegue levar delicadamente para os livros.
Em 2002, o programa Revista Semanal, da TV Integração, (assista mais abaixo) exibiu uma reportagem com Adélia feita por ocasião do centenário de Carlos Drummond de Andrade, onde ela revelou ter começado na literatura influenciada pelo grande poeta mineiro.
Com ele, trocava cartas e encontrou suas primeiras referências literárias.
“No meio do caminho tinha uma pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho – eu fiquei encantada com a beleza daquele verso longo, com aquele ritmo, aquela coisa. Pensei assim: ‘Meu Deus, é isso que eu quero. Eu gostaria de escrever assim'”.
Escritora de Divinópolis Adélia Prado quando jovem
Adélia Prado/Arquivo Pessoal
Seu primeiro livro, Bagagem, foi lançado em 1976. A amizade com Drummond foi selada em cartas que Adélia não revela, por reserva e respeito. Adélia e Drummond se viram poucas vezes, mas ambos registraram em palavras a alma do mineiro.
“O trem de ferro, pra mim, tem tudo a ver. Uma sucata de ferro me inspira profundamente: o cheiro de ferro, a ferrugem. Quer dizer, isso está dentro da sua experiência de ver o mundo”, disse a escritora.
Em 2008, em uma nova conversa com a TV Integração (veja mais abaixo), lá estava a maior poetisa das Gerais entregue às palavras e reflexões. Ela premiou a equipe com a declamação de um de seus poemas do primeiro livro, Bagagem:
Minha mãe cozinha exatamente arroz, feijão roxinho e molho de batatinhas, mas cantava
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Quem é Adélia Prado
Assim é Adélia Prado, cuja obra também foi revelada nos palcos. Em 1987, em um monólogo, Fernanda Montenegro levou a poesia de Adélia para o teatro. Com direção de Naum Alves de Souza, a peça Dona Doida foi sucesso de público e crítica. Os poemas foram interpretados na íntegra, o que surpreendeu a escritora.
“Foi aproveitado na íntegra. Então, não foi assim: tiraram da poesia uma ideia. Não. Pegaram os textos e fizeram uma composição dramática com aquilo. Foi muito bom, né? Eu virei autora dramática”, revelou Adélia à repórter.
A constatação de que a obra de arte é capaz de espelhar a alma é mais que uma reflexão “adeliana” – um neologismo inevitável ao escrever sobre Adélia Prado. É também uma forma de dizer, na simplicidade que a poesia ensina, que ela aproxima, diverte, provoca e emociona.
Bem disse e escreveu Adélia:
Mulher é desdobrável. Eu sou. E ainda pode ser… requintada e esquisita como uma dama
As duas reportagens exibidas na TV Integração foram feitas em datas diferentes e trazem uma Adélia contemporânea, atual e necessária no universo das palavras e na “brutalidade das coisas”. A mulher que quer um “amor feinho” nos ensina que a beleza também está na alma. Assista abaixo:
Adélia Prado e a influência de Carlos Drummond
Em 2002, o programa Revista Semanal exibiu uma reportagem sobre a influência do grande poeta em dois escritores de Divinópolis: Lázaro Barreto e Adélia Prado. Uma herança que deixou marcas na nossa rica literatura.
Memória TV Integração – Adélia Prado e a influência do grande poeta, Carlos Drummond
O universo literário de Adélia Prado
A reportagem, exibida no MG1 em 2008, nos transporta ao universo literário da “mulher do povo, mãe de filhos, Adélia” – a mulher “desdobrável”, que enxerga a poesia como um rastro de Deus na brutalidade das coisas.
Memória TV Integração – O universo literário de Adélia Prado
Ficha técnica
Produção, reportagem e edição: Fernanda Lília
Imagens: Cledson Ferreira e Antônio Márcio
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