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A eleição americana não é sobre a economia, mas sobre Joe Biden

O poeta francês Jean de La Fontaine (1621-1695) conta em uma das suas fábulas que os ratos decidiram em assembleia pôr um guizo no pescoço de um gato. Assim, quando o gato fosse à caça de comida, o guizo tocaria e os ratos teriam tempo para fugir.

Um rato velho que assistiu calado a discussão, endossou o plano, mas fez a pergunta que se tornaria famosa: “Quem vai pôr o guizo no pescoço do gato?”

Depois do desempenho catastrófico de Joe Biden, ontem à noite, no primeiro debate com Donald Trump pela presidência dos Estados Unidos, quem terá coragem de tentar convencê-lo a desistir de ser candidato à reeleição?

Em 1992, candidato do Partido Democrata à sucessão do então presidente republicano George H. W. Bush, Bill Clinton ouviu o conselho do seu estrategista de campanha, o marqueteiro James Carville: “É a economia, estúpido”.

A recessão econômica daquele ano enfraqueceu o governo Bush. Em março de 1991, 90% dos americanos aprovavam o governo. Em agosto do ano seguinte, 64% desaprovavam. A economia virou o tema central da campanha de Clinton. Ele se elegeu e se reelegeu.

Biden recuperou a economia deixada em mau estado por Trump, mas uma grande parcela dos americanos não se dá conta disso ou não liga. O que lhes importa: Biden, com 81 anos de idade, não estaria velhinho demais para ser presidente outra vez?

Se reeleito, ele completará seu segundo mandato com 87 anos. Trump é apenas três anos mais moço do que ele. Mas Trump demonstra vigor, energia e parece estar sempre no controle das coisas. Biden passa a impressão de ser um homem esgotado.

Foi o que se viu no debate. Biden basicamente só olhou para frente e ouviu enquanto Trump falava. Em debates anteriores, ele sorriu, zombou de seus oponentes e muitas vezes foi enfático. Ele fez anotações. Mas não ontem à noite, estava irreconhecível.

Diante de um Trump grandiloquente e mentiroso como sempre, Biden comportou-se como um político murcho, que de vez em quando abria a boca como se não soubesse o que dizer, e quando era sua vez de falar, falava baixo, e mal terminava as frases.

Frequentemente, Biden parecia atolado com a quantidade de informações sobre o que se preparou para transmitir no tempo que lhe era dado. Não foi capaz de articular claramente muitas de suas políticas e se atrapalhou com inúmeras respostas.

Não apontou as contradições de Trump, nem destacou o que o torna diferente dele. Aos ataques agressivos do seu adversário, respondeu igualmente de maneira agressiva, mas sem brilho. O debate não serviu para a abordagem de planos de governo.

Serviu unicamente para tocar o horror no Partido Democrata que se vê sem um candidato viável a cinco meses das eleições. O tempo ainda seria suficiente para escolher outro nome. Mas o gato resiste a sair de cena e ninguém se oferece para pôr o guizo nele.

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