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A censura contra Pablo Marçal, o Mitinho, pode ajudar Guilherme Boulos

Tirar do ar as redes sociais de Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, é condenável do ponto de vista cada vez mais longínquo da da democracia e uma burrada política que só vai aumentar a ilusão, entre os seus eleitores ou dos que o vêem com simpatia quase amor, de que o sujeito “luta contra o sistema”.

Ele já explora intensamente o papel de vítima e continuará a fazê-lo se vier a recuperar o que lhe foi interditado. Ao fim e ao cabo, Guilherme Boulos se beneficiaria no caso de Pablo Marçal passar ao segundo turno, como se verá. Vamos pela ordem.

Se Pablo Marçal fere terrivelmente a lei eleitoral ao promover concursos com prêmio em dinheiro para cortes de vídeos feitos para viralizar na internet, a decisão correta seria adverti-lo, multá-lo, tirar os vídeos de circulação e, em caso de desobediência, só então partir para a cassação da sua candidatura — não censurar os seus perfis nas diversas plataformas.

A cassação afetaria diretamente apenas Pablo Marçal. Alguém poderá argumentar que os eleitores dele também seriam atingidos pelo veto à sua candidatura. Sim, mas a responsabilidade frente aos eleitores seria do candidato, que não quis, de forma deliberada, obedecer às regras do jogo e os deixou na mão.

Já a censura às redes sociais de Pablo Marçal, censura prévia requerida pela candidata Tabata Amaral, afeta também todos nós. A justificativa de que o tempo urge em época eleitoral não pode servir para que se abra exceção a direitos constitucionais básicos.

Não estamos mais diante de simples precedente, mas de outro episódio da contínua agressão à liberdade de expressão da parte da Justiça. Inexiste mais um cidadão brasileiro que não possa ser calado por qualquer juiz que use como pretexto a defesa da democracia. O estado de exceção tornou-se regra.

Pablo Marçal não luta contra o sistema, apesar de todas as suas palhaçadas disruptivas. Ele quer entrar para o sistema. Se a história se repete como farsa nas diferentes latitudes, ela se repete como comédia no Brasil. Ou como tragicomédia. Vender a ideia de que luta contra o sistema garantiu o sucesso de Jair Bolsonaro. Pablo Marçal é um imitador — e, como imitação, é pior do que o original.

A sua ficha criminal parruda deveria tê-lo impedido de chegar até aqui, mas ela só passou a ser um problema para a oligarquia depois que a sua candidatura decolou. Se Pablo Marçal fosse um candidato inofensivo, reitero, ninguém se importaria com o fato de ele andar com gente ligada ao PCC, não ter obedecido estritamente ao prazo de filiação ou desrespeitar a lei eleitoral pagando para impulsionar vídeos nas redes sociais. 

Se a candidatura do moço não vier a ser cassada, ele irá bombar nas redes sociais, mesmo sob censura. Aliás, já está. Há muita gente “antissistema” nas plataformas disposta a ajudar o seu novo Mito, o Mitinho zoador. Presumo que a Justiça Eleitoral não possa dar um cala-boca geral.

Sem propaganda gratuita no rádio e na TV, visto que o PRTB não tem representantes na Câmara dos Deputados, Pablo Marçal conta com a estridência dos seus apoiadores nas plataformas e com comícios. A ver se a briga ideológica se sobreporá inteiramente ao buraco de rua em uma campanha municipal. Briga comprada também com Jair Bolsonaro, que apoia Ricardo Nunes e só agora viu o perigo que Pablo Marçal representa para a sua hegemonia na direita.

Tomada pela fúria censória, a Justiça Eleitoral deu um bom empurrão em Pablo Marçal. Na hipótese de ele passar ao segundo turno como candidato da direita, no lugar de Ricardo Nunes, cresce bastante a chance de Guilherme Boulos, apoiado por Lula, ser eleito prefeito de São Paulo. 

Não é simples impressão. Na pesquisa recém-divulgada pelo instituto Paraná, a simulação de segundo turno mostra que o candidato do PSol teria 43% dos votos, contra 38% do candidato do PRTB. Já Ricardo Nunes venceria Guilherme Boulos por 51% a 34%. 

A esquerda torce para Pablo Marçal passar ao segundo turno. Contra o Mitinho zoador, ela terá uma grande oportunidade de colocar Guilherme Boulos no comando da maior cidade brasileira.

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