Cloudflare: como funciona servidor que pode ter causado ‘volta’ do X (Twitter)

X (Twitter) voltou a funcionar para alguns usuários nesta quarta-feira (18), mesmo com suspensão mantida pela Justiça; entenda manobra com IP que pode ter causado falha O X (antigo Twitter) voltou a funcionar na manhã desta quarta-feira (18) para alguns usuários, mesmo sem mudanças na suspensão da rede social no Brasil. O retorno suscitou discussões nas redes sociais. Rumores apontam que a plataforma de Elon Musk estaria, agora, hospedando os servidores do aplicativo na Cloudflare, empresa dos EUA referência na distribuição de conteúdo e serviços de domínio, localizados entre o visitante e o provedor de host. A alternativa garantiria o acesso de brasileiros ao app, já que a Cloudflare usa de proxy reverso para realizar a comunicação entre usuário e servidor. Até o momento, nem a empresa, nem o X confirmaram a informação.
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O gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes confirmou à GloboNews que o bloqueio à plataforma continua, já que a empresa de Elon Musk ainda não cumpriu com as exigências judiciais necessárias. Em nota ao TechTudo, a Anatel afirmou que “não houve alteração da decisão” de suspensão, e que está verificando os acessos indevidos à rede. Vale lembrar que, no último dia 13, a Justiça Federal ordenou a transferência de R$ 18,3 milhões da empresa Starlink, que tem Musk como um de seus sócios, para os cofres públicos, para quitar as dívidas referentes ao descumprimento de ordens do STF. Nas próximas linhas, confira mais detalhes sobre o caso.
X (Twitter) foi suspenso no Brasil por decisão judicial no fim de agosto
Rerodução/TechTudo
Entenda os rumores sobre a troca de IP do X (antigo Twitter)
Ainda não está claro como o Twitter (X) voltou a operar mesmo suspenso do país. No entanto, alguns usuários apontaram possíveis mudanças no IP da rede social, o que poderia explicar a confusão. “O X trocou o IP dos servidores. Antes era da rede 104.244.40.0/21 que pertence ao TWITTER-NETWORK (que foi aonde as operadoras aplicaram o bloqueio) agora o IP do X é da rede 162.158.0.0/15 da CloudFlare”, afirmou o usuário @paje69 em sua conta do X (antigo Twitter). Vale destacar que, até o momento, não houve confirmação oficial da rede social de Elon Musk sobre o caso.
Usuários alertam sobre possibilidade de troca de servidor do Twitter; entenda
Reprodução/Redes sociais
Cloudflare: o que é e como funciona o serviço?
Cloudflare é uma empresa provedora de Internet, serviços de segurança e entrega de conteúdo online. Fundada nos Estados Unidos, tem mais de 150 data center localizados em diversos países. Uma das principais atividades da companhia é atuar como um intermediário entre um cliente e um servidor para melhorar o processo de carregamento de um conteúdo online. No início da popularização da Internet, era necessário enviar uma solicitação de um computador para um servidor, que, por sua vez, retornava a página da web solicitada. Quando muitas solicitações chegavam ao mesmo tempo, o serviço não funcionava.
A Cloudflare tem ferramentas que armazenam um conteúdo da web e entregam essas informações para um servidor mais próximo de onde aquela página está sendo acessada. Assim, consegue otimizar o tempo de carregamento, algo fundamental ao buscar conteúdo online, quando o usuário quer acessar conteúdos rapidamente e como apenas um clique.
Cloudfare é uma empresa provedora de Internet dos Estados Unidos; conheça mais
Reprodução/Cloudflare
O que é IP e proxy reverso?
Allân de Alcântara, engenheiro de computação e sócio-proprietário na FrankFox Informática, explica que o endereço IP funciona como uma etiqueta, que informa de onde vem aquela conexão. “Um endereço IP (Protocolo de Internet) é como o ‘endereço’ de um dispositivo (como um computador, celular ou roteador) na internet ou em uma rede local. Assim como uma casa tem um endereço físico para receber correspondências, os dispositivos conectados a uma rede precisam de um endereço IP para enviar e receber informações”, afirma o especialista.
Já para entender o que é um proxy reverso, é necessário primeiro entender o que é um servidor proxy. Essa tecnologia é muito usada em países em guerra e com censura, já que funciona como um intermediador entre o usuário e o servidor do serviço exigido. Desse modo, a resposta caminha necessariamente entre as três partes, garantindo “que nenhum servidor de origem jamais se comunique diretamente com aquele cliente específico”, segundo o site da Cloudflare. Assim, é possível se esquivar de restrições de navegação estatal ou institucional, bloqueio do acesso a determinados conteúdos, além de garantir proteção e discrição a identidade on-line de usuários.
Servidor proxy pode garantir proteção ao usuário
Reprodução/Freepik
A diferença entre o servidor proxy e o proxy reverso é sutil. Basicamente, enquanto o primeiro garante que nenhum servidor de origem jamais se comunique diretamente com aquele cliente específico, o segundo promete que nenhum cliente jamais se comunique diretamente com esse servidor de origem.
“Imagine que você acessa um site, como “www.exemplo.com”. O servidor com o conteúdo real pode estar em diferentes lugares ou ser composto por vários servidores. O proxy reverso recebe sua solicitação, escolhe o servidor adequado (ou usa o conteúdo armazenado em cache), e envia a resposta de volta ao seu navegador, sem que você saiba que houve essa intermediação”, finalizou Alcantâra.
Quais as implicações legais de uma possível troca de servidor do Twitter (X)?
Caso o rumor se concretize, o Governo Federal viveria um impasse. O STF seria forçado a emitir um novo pedido de bloqueio da rede social às operadoras de telefonia móvel. No entanto, a Cloudflare não possui representação legal no Brasil, assim como o X (antigo Twitter). Além disso, a empresa é a responsável por hospedar outros serviços, o que poderia gerar um transtorno ainda maior aos usuários.
Em entrevista ao TechTudo, o especialista em Cibersegurança e CEO da Open Cybersecurity, Lucas Galvão, afirmou que bloquear a Cloudflare pode ser um erro. “É como tentar fechar uma avenida inteira para impedir o acesso a uma única loja — você acaba afetando todos os outros negócios que compartilham a mesma via. Esse é o dilema: na tentativa de controlar, você pode causar efeitos colaterais, impactando outros serviços que nada têm a ver com o alvo original”, conclui o perito.
X (Twitter) pode voltar a funcionar no Brasil? Entenda
Laura Storino/TechTudo
“A Cloudflare está em uma posição delicada, equilibrando a neutralidade de rede com a exigência de cumprir ordens judiciais locais. No caso do bloqueio do X, ao agir sobre um endereço IP específico, corre-se o risco de comprometer a estabilidade de serviços legítimos que compartilham a mesma infraestrutura. Isso não é uma simples questão de apertar um botão e cortar o acesso. A arquitetura da internet é complexa e, conforme determinado pelo Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014), há direitos fundamentais em jogo—neutralidade, privacidade e acesso à informação. Aqui, a responsabilidade recai sobre a ANPD e a Anatel, que devem intervir com precisão cirúrgica”, ressalta Galvão.
X (Twitter) voltou? Entenda relatos de acesso à rede nesta quarta-feira
De acordo com relatos nas redes sociais e testes do TechTudo, era possível acessar o X (antigo Twitter) nesta quarta-feira (18), de forma instável. Nem todos os usuários foram contemplados, já que dependiam da conexão com a operadora de telefonia móvel. Tuiteiros assíduos aproveitaram a situação para comemorar a possibilidade de fazer publicações no site. O assunto alcançou o topo dos Trending Topics da rede social. Confira algumas das publicações abaixo.
Web reage ao retorno do X (Twitter)
Reprodução/X
Web reage ao retorno do X (Twitter)
Reprodução/X
Web reage ao retorno do X (Twitter)
Reprodução/X
X (Twitter) suspenso: relembre impasses da rede social com o STF
Suspenso no Brasil desde o dia 30 de agosto, o Twitter aguarda o cumprimento de ordens judiciais decididas pelo ministro Alexandre de Moraes, e posteriormente confirmada pela primeira turma do STF, para voltar a operar no país. Entre as exigências, está a necessidade do apontamento de um representante legal do aplicativo em território nacional.
O impasse entre o X e o STF começou quando a plataforma se recusou a derrubar perfis acusados de disseminar conteúdos antidemocráticos e criminosos no site, que estavam sob investigação da Justiça. Após meses de multas não pagas e ameaças por parte de Musk de liberar outras contas que já haviam sido suspensas, o bilionário decidiu retirar os escritórios do X do país, alegando que a Justiça Federal estaria limitando a liberdade de expressão.
Assim, Moraes ordenou a suspensão do X no Brasil, já que, sem um representante legal no território, a plataforma não pode responder às ordens e multas aplicadas pela Justiça. Além disso, o jurista determinou uma multa de R$ 50 mil para qualquer pessoa que tente usar VPN (rede privada de internet), ou outras ferramentas para acessar a rede social no país.
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