O CyberGAECO do Ministério Público de Goiás pediu a apreensão de criptomoedas e outros bens de um suspeito de roubar músicas de compositores que trabalham com sertanejos famosos e as colocar no Spotify sem autorização.
A trama descoberta após uma denúncia do UOL em abril de 2024, mostra que artistas que trabalham com Henrique e Juliano, Maiara e Maraisa e Jorge e Mateus estão entre as vítimas do golpe.
Ao investigar o caso, até um uso de inteligência artificial para criação de artes de capa personalizadas se fez presente. Para autoridades, o caso pode ter lesado em R$ 6 milhões os compositores sertanejos.
O Ministério Público de Goiás (MPGO), por meio do CyberGaeco, agiu em parceria com os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecos) dos MPs dos Estados de Pernambuco e do Rio Grande do Sul, deflagrando na manhã da última quinta-feira (5/12) a Operação Desafino.
De acordo com informações divulgadas pela Assessoria de Comunicação Social do MPGO, as quais o Livecoins obteve acesso, a operação teve como objetivo principal o de acabar com o crime cibernético.
Em Recife (PE), por exemplo, um mandado de busca e apreensão foi cumprido, enquanto em Passo Fundo (RS) um mandado de prisão preventiva.
Todos os mandados foram emitidos pela 1ª Vara das Garantias da Comarca de Goiânia (GO), que também deferiu o sequestro e o bloqueio de bens móveis e imóveis no montante de até R$ 2.312.000,00, além da apreensão de veículos e de criptomoedas. As autoridades não divulgaram a razão do pedido de bloqueio de criptomoedas, nem se algum valor restou apreendido.
De qualquer forma, a operação contou com a participação de diversos agentes, entre servidores públicos e policiais civis e militares dos Estados de Goiás, Pernambuco e Rio Grande do Sul.
A investigação teve início a partir de trabalho de jornalismo investigativo do site UOL e de representação feita por vítima, envolvendo esquema que pode ter afetado mais de 400 canções, com aproximadamente 30 milhões de visualizações nos aplicativos de música. O prejuízo das vítimas pode ultrapassar a casa dos R$ 6 milhões.
Conforme divulgado pelo CyberGAECO do MPGO, após a composição de músicas, os compositores vítimas gravavam guias, que são “amostras” mais simplificadas das canções. Estas guias posteriormente eram obtidas dentro do esquema criminoso e alguém, valendo-se de vários e-mails em nomes de terceiros, publicava as músicas com nomes diferentes ou de artistas falsos, que não existiam no mundo real.
Em seguida, em razão da boa qualidade das canções, estas músicas eram acessadas e ouvidas pelos usuários das plataformas milhares de vezes, gerando lucros, que eram pagos em uma conta bancária específica vinculada a um investigado (confira abaixo o diagrama do esquema).
As vítimas, por sua vez, não conseguiam identificar nem mesmo todas as músicas utilizadas nas fraudes e tampouco os responsáveis pelo envio, fato que gerou um ambiente de desconfiança no cenário, gerando prejuízos que envolvem desde o não recebimento de direitos patrimoniais devidos pela execução, indo até mesmo ao prejuízo imaterial da publicização indevida de ideias originais.
Diagrama: Assessoria de Comunicação Social do MPGO.
A investigação contou com novas ferramentas tecnológicas e seguirá com análise do material coletado, embora ainda em sigilo na atual fase.
Fonte: Suspeito de roubar músicas de sertanejos tem criptomoedas apreendidas
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