A indústria de criptomoedas está se tornando cada vez mais influente na política norte-americana, mas enfrenta uma guerra civil que pode prejudicar seu futuro. O cenário político atual, com as eleições presidenciais e para o Congresso em 2024, tem gerado divisões dentro da comunidade cripto.
Essas divergências se manifestam entre defensores republicanos e democratas, resultando em incertezas sobre como a indústria deve se posicionar nas próximas eleições e sobre quais candidatos apoiar.
Nos bastidores, lobistas, executivos e investidores da indústria de criptomoedas estão divididos. Do lado democrático, há preocupações de que o setor esteja se inclinando demais à direita, com muitos líderes cripto manifestando apoio a Donald Trump, o candidato republicano.
Trump promete políticas que beneficiariam as empresas de ativos digitais, o que atrai o setor. No entanto, essa aliança com os republicanos gera desconforto entre os democratas.
Por outro lado, os republicanos alertam que se envolver com a candidata democrata Kamala Harris pode isolar aliados de longa data do Partido Republicano, sem garantias claras de que esse apoio trará benefícios à indústria.
O governo Biden tem adotado uma postura cética em relação às criptomoedas, o que deixa muitos no setor com dúvidas sobre o que esperar de uma possível presidência de Harris.
A incerteza em relação às posições dela sobre ativos digitais é um dos principais pontos de debate entre os defensores das criptos.
Um dos maiores reflexos dessa divisão é o investimento de grandes somas em campanhas políticas por meio de super PACs (comitês de ação política). A rede Fairshake, ligada à indústria cripto, já anunciou que gastaria milhões em corridas eleitorais estratégicas, o que gerou descontentamento entre políticos de ambos os lados.
Um exemplo dessa tensão foi a saída do megador democrata Ron Conway da rede Fairshake, após a decisão de apoiar a destituição do senador democrata Sherrod Brown, de Ohio.
A escolha de apoiar candidatos democratas em estados chave, como os representantes Ruben Gallego, do Arizona, e Elissa Slotkin, de Michigan, também irritou membros do Partido Republicano.
Legisladores como Steve Daines, presidente do NRSC (Comitê Nacional Republicano do Senado), expressaram frustração com executivos cripto pela aparente inclinação para o apoio a candidatos democratas, o que contradiz o histórico de longa data de apoio republicano à indústria.
Kristin Smith, CEO da Blockchain Association, resume a situação: “Há uma estratégia da indústria e, então, há a estratégia individual de alguém — e essas, às vezes, talvez não estejam totalmente alinhadas.”
De acordo com o site Politico, isso reflete a complexidade do cenário, onde interesses pessoais e corporativos acabam colidindo com a necessidade de uma ação coordenada em torno de uma agenda política comum.
O impacto dessas divisões internas pode ser visto no Capitólio, onde a indústria cripto tenta avançar com reformas regulatórias. No entanto, as eleições iminentes tornam essa possibilidade ainda mais remota.
“Desde o anúncio do [super PAC de Ohio], tem sido uma bagunça”, comentou um assessor do Congresso. “Os democratas estão bravos, os republicanos estão bravos, todo mundo está bravo.” Isso reflete como o esforço bipartidário por reformas tem sido cada vez mais difícil de sustentar.
O apoio bipartidário começou a desmoronar quando 71 democratas da Câmara se uniram a 208 republicanos em maio para aprovar uma reforma das criptomoedas. Logo após, o senador republicano JD Vance, de Ohio, começou a promover uma proposta de regulamentação que dificilmente ganharia tração.
A senadora Debbie Stabenow, democrata de Michigan, abandonou uma votação em seu próprio projeto de lei após não conseguir apoio dos republicanos. Essas disputas políticas estão prejudicando a capacidade da indústria de promover regulamentações favoráveis no momento.
Com as divisões internas se acentuando, muitos defensores das criptomoedas consideram que a melhor estratégia seria aguardar os resultados das eleições presidenciais e do Senado antes de avançar com qualquer agenda regulatória.
A expectativa é de que uma eventual vitória republicana, tanto na presidência quanto no Senado, possa criar um ambiente mais favorável para a indústria.
Jonathan Padilla, empreendedor cripto e apoiador de Harris, acredita que a tentativa de alinhar a campanha da vice-presidente com as demandas do setor é necessária, mesmo que arriscada.
Ele afirmou: “O vitríolo vindo da direita, de CEOs e investidores muito proeminentes, causou muita consternação na esquerda.” Essa tensão reflete a aposta arriscada de apoiar um único partido político em uma indústria historicamente dividida.
Sheila Warren, CEO do Crypto Council for Innovation, alertou que colocar todos os recursos em um só lado pode ser prejudicial. “Os defensores da cripto que também estão entrando em contato com Harris não acreditam em colocar todos os ovos na mesma cesta ou em uma parte.”
Agora a indústria de criptomoedas nos EUA enfrenta um futuro incerto, tanto em termos de regulamentação quanto de alianças políticas. O apoio de grandes doadores, como os bilionários Cameron e Tyler Winklevoss, que prometeram US$ 1 milhão cada para a campanha de Trump, demonstra a polarização do setor.
Entretanto, figuras como a senadora Cynthia Lummis, uma importante defensora republicana das criptomoedas, mantêm ceticismo em relação à postura democrata. Ela afirma: “Estou muito preocupada que muitos candidatos estejam mudando de ideia sobre o assunto para obter ganhos políticos.”
Sendo assim, a falta de consenso interno e as divisões políticas podem criar mais obstáculos do que soluções, tornando difícil para o setor cripto avançar com uma agenda unificada no cenário político dos EUA.
Fonte: ‘Guerra civil’ das criptomoedas causa tensão entre lobistas e candidatos nos EUA
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