A AMP, um dos maiores fundos de aposentadoria da Austrália, investiu US$ 27 milhões, cerca de 161 milhões de reais em bitcoin — se tornando o primeiro grande fundo de aposentadoria no mundo a investir na moeda digital que antes era rejeitada por gestores de poupança para aposentadoria.
O investimento está avaliado em cerca de 0,05% dos US$ 57 bilhões em ativos sob sua gestão e foi realizado em maio, quando o bitcoin estava sendo negociado entre US$ 60.000 e US$ 70.000 por unidade, mas só foi revelado agora.
Anna Shelley, diretora de investimentos da AMP, explicou que a decisão foi baseada em uma estratégia de diversificação, orientada pelo processo de alocação dinâmica de ativos do fundo.
Segundo ela, o investimento foi motivado pelo “impulso e sentimento” observados no mercado de criptomoedas.
Outros grandes fundos de aposentadoria na Austrália declararam não ter planos de seguir a mesma estratégia. Representantes desses fundos afirmaram estar focados em explorar apenas a tecnologia blockchain para possíveis investimentos indiretos, sem exposição direta a criptomoedas.
Falando com a mídia local, especialistas ficaram surpresos com o investimento. Um professor de economia da Universidade de Nova Gales do Sul, por exemplo, classificou o investimento em Bitcoin como histórico para fundos de aposentadoria públicos, afirmando que alguns fundos autogeridos já possuem entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões em Bitcoin.
Ele advertiu, no entanto, sobre riscos potenciais para investidores individuais.
Luci Ellis, ex-presidente assistente do Banco Central da Austrália, no entanto, afirmou que as criptomoedas não cumprem as funções tradicionais de dinheiro, carecendo de estabilidade de valor e rendimentos correntes como ações ou títulos.
Enquanto isso, o fundo afirmou que a alocação em bitcoin foi feita principalmente nas opções de investimento equilibrado e de alto crescimento, que oferecem maior tolerância a riscos.
Apesar das reações variadas, o investimento da AMP sinaliza uma mudança no setor de gestão de fundos de aposentadoria na Austrália, que tradicionalmente evitava ativos digitais.
A Autoridade Australiana de Regulamentação Prudencial (APRA) afirmou que qualquer investimento em criptomoedas deve estar alinhado com os melhores interesses financeiros dos beneficiários e cumprir as diretrizes regulatórias estabelecidas.
Em outubro deste ano, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) no Brasil proibiu que fundos de pensão invistam em bitcoin e criptomoedas. A medida afeta as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC), que administram previdências privadas no país.
Conforme o comunicado, a decisão foi baseada em uma análise técnica que considerou a volatilidade e os riscos associados às criptomoedas. Em contrapartida, a PREVIC autorizou investimentos em produtos como Fiagros e ativos de carbono.
A PREVIC disse também que os fundos de pensão operam em um ambiente regulado, com governança rígida e decisões supervisionadas por comitês internos. Qualquer descumprimento das normas pode resultar em sanções, incluindo multas e até suspensão de atividades.
Sendo assim, enquanto o Brasil adota uma postura restritiva, autoridades nos Estados Unidos avançam na aceitação de criptomoedas em fundos de pensão.
Fonte: Fundo de aposentadoria investe R$ 160 milhões em Bitcoin
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