Os Estados Unidos a reboque do Senhor da Guerra no Oriente Médio

Coitadinho do governo americano. Ele diz uma coisa sobre paz no Oriente Médio e o governo de Israel faz o contrário. Os Estados Unidos propõem um cessar-fogo na guerra entre Israel e o grupo Hamas, e o governo de Israel estende a guerra à Cisjordânia, sob seu controle, à Síria e ao Líbano, que gostaria de controlar.

Vai longe o tempo em que Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos, telefonava para o primeiro-ministro israelense e mandava parar o bombardeio contra um dos seus vizinhos – e o bombardeio parava de imediato. Um tempo em que Israel ainda admitia a criação de um estado palestino. Hoje, já não admite.

O que houve? Israel não precisa mais do apoio americano para existir? Embora, à época da guerra do Yom Kippur, em 1973, Israel dispusesse de bombas atômicas, como admitiu a primeira-ministra Golda Meir a Henry Kissinger, Secretário de Estado do governo Richard Nixon, o país segue dependente das armas americanas.

Então, mudou o quê? Os Estados Unidos têm, hoje, um presidente mais fraco e senil do que os anteriores; um presidente, Joe Biden, que quando era senador, disse que Israel é o maior porta-aviões que os Estados Unidos poderiam ter no Oriente Médio. De resto, o lobby de Israel na América tornou-se ainda mais poderoso.

É uma questão de supremacia branca, de religião, de interesses econômicos e geopolíticos. Em todos os escalões do governo americano, seja ele Republicano ou Democrata, há judeus milionários e influentes que ajudam a determinar os rumos do país. É a maior comunidade judaica fora de Israel.

Na condição de potência militar e econômica número um do mundo, com a China em seu encalço, os Estados Unidos, para o público interno e externo, advoga a paz no Oriente Médio, mas não necessariamente nos seus termos. Na verdade, nos termos que sejam convenientes para Israel, seu aliado.

Após quase um ano de combates entre Israel e o grupo palestino Hamas, a frente da guerra deslocou-se da Faixa de Gaza para a fronteira com o Líbano. A situação agravou-se depois de um ataque de Israel que provocou a explosão de milhares de pagers e walkie-talkies usados por membros do Hezbollah e civis inocentes.

Na sexta-feira, a aviação israelense bombardeou Beirute, a capital do Líbano, matando 40 pessoas, incluindo três crianças e sete mulheres, e vários comandantes do Hezbollah — entre eles, um dos seus principais líderes, Ibrahim Aqil. A resposta do Hezbollah não demorou em ser dada como ele havia prometido.

No domingo (22), centenas de milhares de israelenses buscaram refúgio após o Hebzollah, grupo financiado pelo Irã e taxado de terrorista pelos Estados Unidos e outros países, ter lançado cerca de 100 foguetes a partir do Líbano contra Israel. Uma funcionária da ONU alertou para uma “catástrofe iminente” na região.

Os projéteis atingiram os subúrbios de Haifa, uma cidade importante do norte de Israel, onde deixaram um prédio em chamas, outro repleto de estilhaços e veículos carbonizados. “Israel não tolerará mais ataques contra seus habitantes”, declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, afirmou que a morte de um dos principais líderes do Hezbollah foi um “golpe justo”. Segundo ele, “apesar de ser real o risco de uma escalada da guerra”, o governo americano acredita em “um caminho distinto para pôr fim às hostilidades”.

Quantas vezes você já não leu isso desde que a guerra começou em 7 de outubro, há quase um ano? Por que Netanyahu carregou no botão agora? Para prolongar a guerra, para entreter os israelenses que o apoiam, para livrar-se da pressão das famílias dos reféns capturados pelo Hamas, para fortalecer-se, e ao seu governo.

O Senhor da Guerra é ele. O governo americano vem a reboque.

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