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Operação Escudo: 9 mortes não tiveram cena preservada, diz estudo

São Paulo — Uma investigação do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI-UFF) em parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo revelou que, em 9 das 20 mortes analisadas na Operação Escudo, as cenas das ocorrências não foram preservadas para análise dos peritos.

A Operação Escudo foi realizada entre os meses de julho a setembro de 2023 na Baixada Santista pelo governo Tarcísio sob a justificativa de combater o tráfico de drogas e o crime organizado na região. Ao todo, 28 pessoas morreram na ação. Em 40 dias, a operação da Polícia Militar de São Paulo se tornou uma das mais mortais da história desde o massacre do Carandiru. Moradores da região chegaram a denunciar a morte de pessoas desarmadas, além de casos de abuso policial e tortura.

O estudo mostrou que os policiais justificaram a não preservação da cena das ocorrência por motivos como necessidade de socorro à vítima, dificuldade de isolamento das áreas, condições climáticas e área de risco.

Em apenas um dos casos analisados, a pessoa morreu durante atendimento de saúde, em outros nove casos chegaram às unidades de atendimentos já sem vida.

“Não foram realizadas medições precisas que fornecessem a posição dos elementos encontrados (como estojos de munição, rastros de sangue ou substâncias entorpecentes) no ambiente e em relação aos demais vestígios/corpo encontrados, impossibilitando uma reconstrução precisa dos fatos. Ainda, as fotografias dos locais das ocorrências e dos objetos apreendidos foram limitadas, o que compromete a qualidade das investigações. que não foram usados com exames de local”, diz o estudo sobre os casos em que não foram preservados os locais para avaliação da perícia.

Em nota enviada ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “todas as ocorrências de morte durante a operação são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil (Deic de Santos) e Militar, com o acompanhamento das respectivas corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário. Todo o conjunto probatório apurado no curso das investigações, incluindo as imagens das câmeras corporais, foi compartilhado com esses órgãos e o trabalho policial segue em segredo de Justiça”.

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